São notícias como esta que precisam ser divulgadas, pesquisas científicas realizadas por profissionais sérios, competentes e comprometidos com a causa. E não achismos de quem ouviu dizer e não sabe explicar.
Pesquisadores
avaliaram 6,3 mil menores de 5 a 12 anos em 18 Estados.
TDAH pode prejudicar as relações sociais e tarefas simples, diz médico.
TDAH pode prejudicar as relações sociais e tarefas simples, diz médico.
O neurologista Marco Arruda, de Ribeirão Preto, é um dos coautores do
estudo (Foto: Adriano Oliveira/G1)
Pelo menos 912 mil crianças brasileiras de 5 a 12 anos - o equivalente a
3,3% da população infantil, segundo o IBGE - possuem Transtorno de Déficit de
Atenção e Hiperatividade (TDAH), mas nunca trataram. Outros 625 mil menores,
2,3% do total, nem sabem que têm a doença.
Esse é o resultado de um estudo realizado por psiquiatras e
neurologistas da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp), do Albert Einstein College of Medicine, nos Estados Unidos,
e do Instituto Glia em Neurociência de Ribeirão Preto (SP).
A pesquisa avaliou uma amostra composta por 6.303 crianças nessa faixa
etária em 87 cidades brasileiras, através de questionários aplicados aos pais e
professores. A conclusão, apesar de ainda não ter sido publicada, já foi
apresentada e premiada em congressos internacionais sobre TDAH.
O neurologista Marco Antônio Arruda explica que os índices preocupam os
especialistas na medida em que o distúrbio pode prejudicar as relações sociais
e a realização de atividades consideradas simples, porque os pacientes têm
muita energia, não conseguem ficar parados ou tomar decisões importantes.
Arruda afirma que crianças com TDAH, por exemplo, têm risco sete vezes
maior de sofrerem acidentes domésticos e nove vezes mais chances de serem
hospitalizadas por contusões e fraturas, do que jovens da mesma idade que não
possuem a doença.
“Quando chegam à Universidade, eles menos frequentemente terminam o
curso. Na vida adulta, [essas pessoas] têm menor chance de emprego em tempo
integral, maior risco de divórcio e suicídio”, disse.
“Nem toda criança que não para quieta tem TDAH"
Marco Antônio
Arruda
Sintomas
O TDAH é caracterizado por uma disfunção no córtex pré-frontal, parte do cérebro responsável pela tomada de decisão, planejamento de ações e controle das emoções. Os sintomas do distúrbio são desatenção, dificuldade de planejar, montar estratégias e controlar as emoções, falta de organização, hiperatividade e impulsividade.
O TDAH é caracterizado por uma disfunção no córtex pré-frontal, parte do cérebro responsável pela tomada de decisão, planejamento de ações e controle das emoções. Os sintomas do distúrbio são desatenção, dificuldade de planejar, montar estratégias e controlar as emoções, falta de organização, hiperatividade e impulsividade.
“Esses sintomas se combinam em graus diferentes de um paciente para
outro. Nas meninas, esses dois últimos não aparecem muito porque são
características mais ligadas ao sexo”, afirma o neurologista.
Além disso, Arruda alerta que os sintomas devem aparecer em todas as
situações da vida da criança e não apenas em um único contexto. “A confusão
está justamente no diagnóstico, porque ele deve ser feito através de diversos
critérios clínicos. O TDAH não é um problema apenas de sala de aula. Nem toda
criança que não para quieta tem TDAH”, disse.
Tratamento
Ao contrário do que se imagina, o tratamento para TDAH deve ser feito com uso de anfetaminas e estimulantes. O neurologista explica que a ministração de calmantes causa o efeito contrário, ou seja, a criança se torna ainda mais hiperativa. "Muitos pais dizem: 'Por isso que em dei antialérgico e ele ficou sem dormir a noite inteira.' Dando estimulante, você faz o 'breque' que existe no cérebro voltar funcionar corretamente", ilustra Arruda.
Ao contrário do que se imagina, o tratamento para TDAH deve ser feito com uso de anfetaminas e estimulantes. O neurologista explica que a ministração de calmantes causa o efeito contrário, ou seja, a criança se torna ainda mais hiperativa. "Muitos pais dizem: 'Por isso que em dei antialérgico e ele ficou sem dormir a noite inteira.' Dando estimulante, você faz o 'breque' que existe no cérebro voltar funcionar corretamente", ilustra Arruda.
O médico afirma, porém, que o tratamento deve ser individualizado e
contar com o apoio de uma equipe multidisciplinar formada por psicólogos,
educadores, fonoaudiólogos, entre outros profissionais.
Apesar de o distúrbio ser herdado geneticamente, Arruda diz que o
diagnóstico precoce aumenta as chances de cura. "Existe forma dos pais
serem orientados para ajudar essas crianças a organizarem melhor suas vidas em
casa, na escola, no dia a dia."
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