Francisca Maria Alves de
Andrade[1]
Os achados na
literatura especializada referem que a atenção é uma função cognitiva complexa e
que nela estão implicadas sub-funções como a percepção, a intenção e a ação. É por
meio da atenção que conseguimos focalizar em atividades conscientes que
possibilitam a percepção, a memória e a aprendizagem, pois ao direcionarmos a
atenção para um determinado estímulo promovemos uma filtragem dos estímulos
indesejados. O que torna a atenção, a base sobre a qual se organiza a direção e
a seleção dos processos mentais. De acordo com o tipo de atividade predominante a atenção pode ser
classificada em sensorial, motora e intelectual.
Apesar de
esta classificação ser mais em caráter didático, pois em qualquer de suas
formas conhecidas a atenção sempre implica em atividade intelectual, quer seja
orientando os movimentos ou dando sentido às percepções sem perder o seu
caráter de independência. A atenção apresenta aspectos inatos e aspectos que se
desenvolvem após o nascimento. Nos primeiros
meses de vida predomina a atenção involuntária, atraída pelos estímulos mais significativos.
No estágio de
desenvolvimento que vai mais ou menos dos 18 aos 28 meses, a resposta a um
estímulo novo suprime com facilidade a forma superior de atenção socialmente
organizada que começou a aparecer. Uma instrução falada é ainda facilmente
sobrepujada pelas informações visuais. Por exemplo: Em resposta a uma pergunta
simples do tipo onde está a boneca? A criança dirige-se para procurá-la, no
entanto, se for colocado ao seu lado um objeto não familiar, ao mesmo tempo em
que se solicita a boneca, a criança ao invés de se deter na boneca se detém no
outro objeto.
Durante toda
a vida a visão constitui-se num sentido que tende a sobrepujar os demais, e por
isto, objetos inseridos no campo visual tendem a atrair a atenção com grande
facilidade. Somente na idade escolar está estabelecido um comportamento
seletivo estável subordinado á fala de um adulto e a fala interior da própria criança.
Muitas vezes a criança lê em voz alta como forma de reforçar sua atenção pela
entrada de informações auditivas.
A atenção desenvolve-se
gradualmente em ritmo diferente de uma criança para outra, sendo que as
crianças com Déficit de Atenção mostram uma capacidade para manter a atenção
seletiva inferior a de seus
colegas de mesma idade e sem problemas de aprendizagem. O padrão de distração
de uma criança de sete anos com TDAH pode assemelhar-se ao de uma criança de
três ou quatro anos que por falta de desenvolvimento de seu processo de atenção
voluntária desvia facilmente o foco de sua atenção.
Muitos fatores interferem na focalização da atenção
entre eles: A afetividade; as condições de sono; o desenvolvimento da
linguagem; as condições nutricionais; doenças mentais (como a depressão).
Dentre os diversos problemas que podem comprometer a atenção e as demais
funções a ela relacionadas está o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Este transtorno é um problema de saúde mental que tem três características
básicas: a desatenção; a agitação (ou hiperatividade) e a impulsividade.
Pesquisas tem demonstrado que no Brasil de 3a 6% da população com idade entre 7
e 14 anos apresentam TDAH.
No TDAH - as
capacidades de manter o foco da atenção voluntária pelo tempo necessário,
retomar o foco após uma distração, prestar atenção a duas coisas ao mesmo tempo
(atenção dividida), mudar o foco ou desfocar, também voluntariamente estão
prejudicadas. Olhando de fora, pessoas
com TDAH parecem cansar das coisas com facilidade – o que fortalece os
preconceitos de falta de vontade, fraqueza de caráter, etc. Quando o que ocorre
de fato é que elas são levadas de um novo foco de interesse a outro foco,
incessantemente. Em decorrência, não conseguem fazer nada até o final.
Quando se fala em TDAH é comum se
fazer associações àquela criança que não para quieta, que é elétrica, que fala
em excesso e incomoda demasiadamente. Por mais que os estudos esclareçam que o
transtorno se caracteriza por sintomas de desatenção, hiperatividade e
impulsividade, e que a criança não precisa apresentar os três sintomas
simultaneamente para ter o transtorno, o sintoma
alvo da preocupação de pais e educadores continua sendo a hiperatividade.
Enquanto a criança que apresenta apenas o sintoma
da desatenção vai passando despercebida porque o seu comportamento não chama a
atenção, não incomoda. No entanto, embora a hiperatividade incomode os pais,
professores e outras crianças, é o único sintoma que tende a diminuir com a
idade, apesar de muitos portadores de TDAH continuarem apresentando ao longo da
vida, uma movimentação corporal excessiva e desnecessária.
Contudo, se com o passar do tempo a hiperatividade tende a diminuir, com a desatenção o processo é contrário. Estudos referem e as experiências comprovam que com a idade e a vinda de atividades de maior demanda, como estudar e trabalhar, a dificuldade de atenção fica mais evidente e mais fácil de ser percebida por todos e pelo próprio paciente. Quando presente em maior grau provoca dificuldade importante no aprendizado e memória, retenções e abandono escolar, com consequências muitas vezes irremediáveis para outros setores como a autoestima e a vida de relacionamentos. Pesquisas comprovam que 17 a 45% dos adultos com TDAH apresentam problemas com álcool e o risco de se viciar em outras drogas é o dobro para quem tem o transtorno.
Contudo, se com o passar do tempo a hiperatividade tende a diminuir, com a desatenção o processo é contrário. Estudos referem e as experiências comprovam que com a idade e a vinda de atividades de maior demanda, como estudar e trabalhar, a dificuldade de atenção fica mais evidente e mais fácil de ser percebida por todos e pelo próprio paciente. Quando presente em maior grau provoca dificuldade importante no aprendizado e memória, retenções e abandono escolar, com consequências muitas vezes irremediáveis para outros setores como a autoestima e a vida de relacionamentos. Pesquisas comprovam que 17 a 45% dos adultos com TDAH apresentam problemas com álcool e o risco de se viciar em outras drogas é o dobro para quem tem o transtorno.
O
trabalho do psicopedagogo com crianças com TDAH é muito importante, pois,
auxilia atuando diretamente sobre a dificuldade escolar apresentada pela
criança, suprindo a defasagem, reforçando o conteúdo, possibilitando condições
para que novas aprendizagens ocorram e orientando pais e professores no
desenvolvimento de estratégias de manejo. A sua tarefa
primordial é a de afastar o sintoma e inserir a aprendizagem lúdica.
Sabendo-se
que todo trabalho deve começar pela relação vincular,
deve-se procurar trabalhar o componente afetivo envolvido nas atividades,
mostrar-lhes a importância do aprendizado escolar para suas vidas, da
compreensão de regras e do controle de sua própria conduta. As
técnicas mais utilizadas são os jogos de combinações intelectuais, como damas,
xadrez, carta, memória, quebra-cabeça, entre outros. Os jogos com regras permitem
à criança, além do desenvolvimento da capacidade de focalizar a atenção, o
desenvolvimento social quanto a limites, à participação, o saber ganhar,
perder, o desenvolvimento cognitivo, e possibilita a oportunidade para a criança
detectar o tipo de erro que cometeu, tendo a chance de refazer, agora, de
maneira correta. Podem ser usadas técnicas que envolvam escritas, como escrever
um livro e ilustrá-lo, admirar seu trabalho final, faz bem para a autoestima.
Considerando o exposto, faz-se necessário
que a pessoa portadora, os pais, educadores, enfim, todos precisam aprender
sobre o TDAH, saber como ele se apresenta, como compromete o modo de ser e de
agir da pessoa no cotidiano, suas reações e, principalmente que não é culpa de
ninguém, nem da pessoa e nem dos seus pais.
[1]
Psicopedagoga Clínica e Institucional. Especialista em Atendimento Educacional
Especializado – AEE. Especializanda em Neuropsicopedagogia Clínica.