De acordo com
especialista, entender como o cérebro funciona pode ser uma boa estratégia para
o desenvolvimento profissional; entenda os motivos.
Matt Cardy/Getty Images
Mulher em exposição
do cérebro humano: entender a lógica de trabalho do nosso sistema
nervoso pode ser útil para o desenvolvimento pessoal e profissional
Os
cientistas que tentam desenvolver soluções para prevenir ou curar doenças
degenerativas não são os únicos a usufruir das descobertas da neurociência.
Começa a ganhar corpo no
Brasil o chamado neurocoaching, prática que alia as técnicas de coaching com o
estudo de como o cérebro funciona.
Segundo
este novo conceito, a lógica de trabalho do nosso sistema nervoso pode
influenciar muitas de nossas atitudes e
entendê-la pode ser útil para o desenvolvimento pessoal e profissional. A
importância do treino, os mecanismos que levam ao stress e
até a necessidade de ter boas noites de sono são algumas das pontes possíveis
que a neurociência pode fazer com sua carreira.Confira
algumas delas, segundo Carla Tieppo, professora da Faculdade de Ciências
Médicas da Santa Casa de São Paulo e pesquisadora na área de neurociências.
1 Durma
Passar
dias e noites insones para tirar um projeto do papel ou cumprir um prazo, além
de cansativo, pode prejudicar seu desempenho. Dormir, segundo a especialista,
aumenta a capacidade de memorização, atenção e concentração. Para os dois
últimos itens, a razão é simples: o cérebro precisa de energia e o sono é o
melhor meio para recuperá-la. “A vigília só pode ser mantida se o sono estiver
em dia”, afirma Carla.
Quem
dedica 8 horas do dia ao sono, experimenta entre cinco e seis episódios do
chamado sono R.E.M. “São nestes períodos que as memórias e aprendizados são
consolidados”, diz a neurocientista. “Quanto menos sono, menos tempo mergulhado
neste sono”. Resultado? Menos capacidade de memorização e, segundo a
especialista, condições para aprender. A regra é válida até para quem
afirma se sentir revigorado mesmo após poucas horas de sono. “Quem dorme entre
quatro e cinco horas têm mais chances de desenvolver quadros de stress e
doenças cardiovasculares”, afirma.
2 Não descarte as emoções
Engana-se quem pensa que, na hora de
decisões profissionais, o que você sente deve ser colocado de escanteio. De
acordo com a especialista, quando bem gerenciadas, as emoções podem ser guias
valiosos para as escolhas. “As experiências de uma pessoa são traduzidas
em sinais emocionais que se acumulam”, diz Carla. “Um animal que foi quase
atacado por um predador quando estava na beira de um lago, não irá se lembrar
do episódio quando retornar ao local, mesmo assim, ele não vai querer ficar
ali”, exemplifica.É a isso que a sabedoria popular chama de intuição. E apesar
do tom abstrato (e até fantasioso) que este termo pode ter, a intuição nada
mais é do que o aprendizado que tivemos no passado traduzido em “marcações
emocionais”. “Saber ler suas emoções faz com que elas não tomem conta de
você. Faz com que você as transforme em algo que pode ser manipulado pela
razão”. E, portanto, um dado útil para a hora de tomar decisões.
3 Desenvolva (bons) hábitos
A excelência em suas atividades profissionais só será conquistada se
você treinar. “Ela não vem por um passe de mágica”, diz a especialista. “Você
só vai ser disciplinado se todo dia de manhã se comprometer com a
disciplina”. E não adianta teimar na história de que você nasceu assim e
será sempre assim. “O conceito de neuroplasticidade mostra que todo mundo pode
se modificar”, afirma Carla. “Tudo é possível, basta que você crie o
hábito”. Segundo a especialista, para “economizar” energia, o sistema
nervoso possui alguns sistemas automatizados.
Esta reação automática é o seu hábito. Para explicar o conceito,
Carla compara um novato na cozinha e alguém que já está acostumado a cozinhar.
De acordo com ela, o segundo irá gastar menos energia do que o primeiro. Motivo?
“Ele já tem tudo automatizado”, diz. Por isso, não basta apenas recitar
palavras positivas (que até podem ter, segundo especialista, um efeito de
motivação importante). É preciso praticar, treinar, se comprometer com a
formação do seu novo hábito.
4 Ame o seu trabalho (ou crie um sistema de recompensas)
Os autores de autoajuda estão certos
quando sugerem que pessoas bem sucedidas são apaixonadas pelo próprio trabalho.
“A motivação é a base emocional que provoca o comportamento”, diz. “O aumento
da dopamina faz com que seu sistema seja guiado para a ação”, diz. Agora,
se a paixão pelo trabalho não faz parte da sua história profissional, a dica da
especialista é retardar a sua recompensa. Projete para o futuro algo que motiva
você e que depende do que você vive hoje para ser realizado.
5 Estabeleça metas possíveis
Todo
mundo, em medidas diferentes, tem problemas e desafios. Quando conseguem
encará-los e solucioná-los, “estas pessoas se tornam heróis das próprias vidas.
Elas chegam em casa cansados mas recompensados”, descreve Carla. O
problema está quando o desafio é maior do que sua capacidade de suportá-lo.
A crise é
ter problemas e não conseguir sair deles. É ser incapaz de, naquele momento, se
adaptar às situações. Nestas circunstâncias, o stress é a reação óbvia do
organismo. “Quando um predador está por perto, o animal que sobrevive é o que
consegue fugir ou lutar. Por isso, o sistema nervoso desenvolve esta resposta
para que mais sangue seja direcionado para seus músculos e cérebro,
para estimular seu corpo a responder àquela situação”, diz. A dica é negociar
metas possíveis diante do seu contexto de trabalho.
6 Pratique exercícios físicos
“Os exercícios físicos desafiam seu corpo, estimulam a recuperação (você
sente fome e sono). Eles ajudam até a aumentar a sua capacidade cognitiva
porque elevam o suprimento sanguíneo para o cérebro”, enumera a especialista.
“Cada vez que você faz uma atividade física é como se você sinalizasse para o
seu corpo que você está, que você dá conta dos próprios desafios”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário